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Além do Ponto Final

Além do Ponto Final

Sab | 31.07.21

Berta Isla, de Javier Marías

Li este livro porque fui ameaçada pelo meu pai que era deserdada se não lesse Javier Marias num futuro próximo (força de expressão, claro). Pedi-lhe que, sendo assim, me desse o que era, na opinião dele, o melhor do autor e foi este que me foi parar às mãos. Devo dizer que foi, sem dúvida, uma leitura interessante e, apesar de não ter adorado, foi um livro que gostei e que recomendaria, apesar de reconhecer que não é para todos os gostos.

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Berta Isla vem-nos contar a história de Berta Isla (surpreendidos? 😂), madrilena e de Tomás Nevinson, hispano-britânico a viver em Madrid também. Berta e Tomás conhecem-se na escola e acabam por namorar e, mais à frente, casar. Acontece que, durante os seus anos universitários, Tomás vai estudar para Oxford e acaba por ser recrutado pelos Serviços Secretos Britânicos, devido a um favor que tem que pagar. Quando volta para Madrid, diz a Berta que arranjou emprego na embaixada do Reino Unido. Ao início Berta não suspeita de nada, mas quando as ausências de Tomás começam a ser cada vez mais duradouras e frequentes, acaba por descobrir que o marido é mais do que um simples funcionário de uma embaixada.

Este livro tem como plano de fundo o mundo da espionagem, mas, mais do que isso, foca-se no impacto que isso tem na vida conjugal e, neste caso, na mulher que sabe o que o marido é, sem saber realmente o que ele faz.  A escrita de Marias leva-nos pelos infinitos pensamentos que Berta tem, enquanto tenta perceber como é a vida do marido, quais são as ações que tem de tomar, quais os crimes que já cometeu ou testemunhou. E acho que isso é o que torna o livro mais interessante, as inúmeras reflexões que são feitas sobre os mais variados assuntos. E sobretudo a reflexão sobre estar casado com uma pessoa sobre a qual não conhecemos metade da vida.

The ones who most shape the world are those who are not exposed, who can't be seen; unknown, opaque beings about whom almost no one knows anything. Like the hidden man in the story, except that instead of living a passive vegetable existence, they plot and weave webs in the shadows

O autor tem uma escrita que, sendo bonita, é também muito densa e difícil de acompanhar. O livro é bom, mas é sem dúvida pesado e não podia falar dele sem referir isso. Os parágrafos são grandes, assim como algumas frases, e tive, várias vezes, dificuldade em acompanhar as reflexões que vão na cabeça das personagens. Acredito que seja mais um livro para ler quando se está de férias, do que um livro para ler a meio de um semestre caótico, como eu fiz 😅

Apesar disso, é uma leitura que recomendo e fiquei com a vontade de ler mais obras do autor. Já ouvi dizer que há mais livros com o mundo da espionagem como pano de fundo e que algumas personagens vêm de livros passados, por isso vai ser, com certeza, um autor a repetir!

              

Avaliação: 7/10

Ter | 06.07.21

To Kill a Kingdom, de Alexandra Christo

Admito que não sou propriamente a maior fã de fantasia e, por isso, nunca me esforço para ler livros deste género. Apesar disso, já li alguns livros de fantasia que gostei muito (The Invisible Life of Addie LaRue, estou a falar de ti) e, assim sendo, é um estilo de leitura no qual quero investir. Este To Kill a Kingdom foi-me recomendado por uma pessoa próxima e, como era um stand alone, achei que seria uma boa aposta. Não o tendo adorado, também não diria que foi um mau livro.

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To Kill a Kingdom é um retelling da história d’A Pequena Sereia, de uma forma muito mais dark, como seria de esperar. Vamos conhecer a ninfa Lira, filha da Rainha do Mar, que todos os anos rouba o coração de um príncipe, já tendo uma coleção de 17. Lira é a futura Rainha do Mar e tem uma má relação com a mãe, a personagem mais cruel e temível de todo o livro. Conhecemos também Elian, futuro Rei de Midas, mas que prefere passar a sua vida como pirata e caçador de ninfas. Os destinos de Elian e Lira vão-se cruzar, quando Elian decide que tem que abater a princesa e a princesa se transforma em humana e acaba por ir parar ao Saad, o barco pirata de Elian. E não vou dizer mais nada para não dar spoilers 😂

In my heart, I’m as wild as the ocean that raised me.

Primeiro que tudo, quero dizer que gostei muito da construção de cenário que foi feita neste livro. Não estou habituada a ler livros de fantasia e gostei muito de como o mundo alternativo onde o livro se passava nos foi apresentado, tive muita facilidade em sentir-me dentro do livro e envolvida pela história. Também gostei muito da maioria das personagens, especialmente da Lira, acho que é claro o desenvolvimento de personagem que vai havendo ao longo do livro, onde conhecemos inicialmente uma ninfa maldosa e cruel e depois vamos percebendo que, no fundo, ela só está a tentar ser o que esperam dela, apesar de isso não representar com o que ela se identifica na verdade.

Diria que este livro não me conquistou porque achei que havia algumas incongruências no seu enredo. Achei que algumas partes da história estavam muito arrastadas, enquanto que, por exemplo, o final, está muito apressado. Acho que a relação entre o Elian e a Lira foi pouco desenvolvida e parece até um pouco descabida, porque senti que nunca houve assim tanta interação entre eles. Também senti que a própria personagem do Elian era um pouco… “pãozinho sem sal”, parece que nunca há realmente um desenvolvimento de personagem.

They celebrate love as though it's power, even though it has killed far more humans than I ever have.

Apesar destes pontos menos positivos, não diria que foi uma má leitura e continuaria a recomendar para quem gosta destas histórias de sereias e piratas! Acredito que a minha falta de habituação a estes universos fantásticos também não tenha ajudado muito, mas isso é uma coisa em que tenho que investir. Quem tiver recomendação de livros deste género que se acuse! 😉

                   

Avaliação: 6,5/10