All The Light We Cannot See, de Anthony Doerr
Já tinha este livro guardado para ler há quase dois anos, mas por alguma razão andava sempre a adiar. No verão até cheguei a ler os primeiros dois capítulos, mas acabei por abandonar porque, entretanto, chegou o livro A Man Called Ove (que já falei aqui) e estava mais entusiasmada para esse. A verdade é que com todo o tempo que adiei a leitura e com todas as reviews que tinha lido por aí, estava muito entusiasmada com a leitura. Infelizmente, (⚠️: unpopular opinion) este livro acabou por me desiludir.
All The Light We Cannot See é narrado essencialmente por dois personagens principais: Werner Pfenning e Marie-Laure. Werner é uma criança órfã alemã, com um fascínio enorme por rádios e muito inteligente. Werner vive com a irmã, Jutta, num abrigo para crianças abandonadas em Zollverein. Por outro lado, Marie-Laure é uma jovem invisual parisiense, apaixonada por livros, que vive com o pai, trabalhador no Museu de História Natural. Numa das suas visitas ao Museu, descobre a lenda à volta de uma pedra preciosa, Mar de Chamas, que diz que quem a possuí pode ter uma vida eterna. Não vou desenvolver mais, mas esta pedra vai ter um papel importante na história.
A história é-nos contada entre o tempo “presente” do livro e o passado, onde ficamos a conhecer melhor o que antecedeu na vida destas duas crianças. Nos primeiros capítulos sabemos que, no dia 7 de agosto de 1944, Werner e Marie-Laure estão em Saint-Malo, uma cidade francesa. A rapariga foi obrigada a fugir para ali com o pai no início da guerra e Werner acabou por ir lá parar depois de ingressar na escola militar da Juventude Hitleriana.
"If your same blood doesn’t run in the arms and legs of the person you’re next to, you can’t trust anything. And even then. It’s not a person you wish to fight, Madame, it’s a system. How do you fight a system?"
“You try.”
Esta história tinha tudo para dar certo, mas a verdade é que não me conquistou totalmente. Quando começamos o livro, e vemos que andamos sempre para trás e para a frente no tempo, a nossa maior expectativa é perceber quando é que estas duas crianças se vão, finalmente, encontrar. Posso dizer que esperei até cerca de 80% do livro e que, quando aconteceu, me soube a pouco e pareceu tudo um pouco acelerado até. Outra coisa que reparei, foi que achei o vocabulário complexo e, talvez por estar a ler em inglês, isso também me tenha tirado um pouco da experiência. Claro que isso não é culpa do autor, só achei que, às vezes, não se adequava.
Não acho que tenha sido uma má leitura, porque é um facto que o livro está bem escrito (tirando o que já referi, que é uma opinião pessoal) e está recheado de momentos bonitos para guardarmos. A forma como o pai de Marie-Laure se esforça para que ela se consiga orientar quando fica invisual ou o amor de Werner pela irmã são coisas que nos aquecem o coração. Além disso, as descrições espaciais e do dia-a-dia da guerra, pareceram-me muito bem feitas.
War, Etienne thinks distantly, is a bazaar where lives are traded like any other commodity: chocolate or bullets or parachute silk.
You know how diamonds—how all crystals—grow, Laurette? By adding microscopic layers, a few thousand atoms every month, each atop the next. Millennia after millennia. That’s how stories accumulate too. All the old stones accumulate stories.
Acho que o maior problema foi mesmo o facto de o livro ter todo este hype à sua volta. Fez com que estivesse à espera de muito, por todos os prémios que tinha ganho, mas, no final, não fui capaz de me render ou identificar com a história.
Quem já leu, concorda? Ou são daqueles que adoraram a história?
Avaliação: 6/10