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Além do Ponto Final

Além do Ponto Final

Seg | 10.08.20

Irmãs de Sangue, de Barbara e Stephanie Keating

Tinha este livro na minha lista Reading list há mais de um ano, mas andava sempre a adiar começar a lê-lo. Não era um livro que me cativasse, sendo que só o li por insistência de um familiar que dizia que era muito bom e que me pôs as expectativas muito altas. Talvez por isso, tenha terminado o livro com um sentimento de ligeira desilusão.

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A narrativa começa no Quénia em 1957 e conta-nos a história de três crianças, de diferentes origens: Sarah Mackay, irlandesa, Hannah van der Beer, africânder, e Camilla Broughton, britânica. As três fazem um pacto de sangue, onde juram que estarão sempre presentes na vida umas das outras, independentemente do que a vida lhes reserve. Após este pacto, a narrativa avança 5 anos, quando Sarah parte para a Irlanda para estudar, Camilla vai para Londres, onde acaba por se tornar modelo e Hannah fica no Quénia, onde tenta manter a fazenda que a sua família africânder ergueu no início do século, Langani. É com esta separação que a amizade das três jovens é posta à prova.

Um dia destes vais decobrirque afinal és humana como nós. Que tens que comunicar, senão começas a murchar como uma planta sem água.

Irmãs de Sangue é uma história sobre amizade, mas não só. É uma história que nos dá a conhecer os períodos conturbados que vários países africanos viveram naquela altura, onde haviam conflitos tribais e discriminação racial. Apesar de parecer um simples livro sobre a amizade de 3 raparigas, dá-nos também um panorama geral do que aconteceu no Quénia, um país que tinha conquistado recentemente a sua independência e que ainda não sabia como lidar com todas as adversidades associadas. Vemos os dois lados da história, o da população local e da população que, apesar de ter sido colonizadora, se sentia como verdadeira cidadã queniana. Para além de todo este cenário político, é ainda feita uma descrição incrivelmente vívida de paisagens naturais, de safaris e de diversas espécies animais, tudo através de personagens capazes de nos transmitir o seu amor por este país.

A fúria é a arma que as pessoas usam para combatter a dor. Mas traz problemas se a deixarem fermentar demasiado tempo.

Todos nós temos esse impulso para mudar as pessoas à imagem da nossa ideia de quem devem ser

Depois desta descrição devem estar a pensar: “Então mas ela não tinha dito que não tinha gostado do livro?”. A verdade é que, de certa forma, gostei da história e da cultura que me trouxe. No entanto, senti que demorei imenso a entrar no livro e a sentir-me ligada às personagens. Acho que só a partir de mais de meio é que comecei a gostar realmente, apesar de sentir que algumas partes eram exageradas, como por exemplo toda a história de amor entre Sarah e Piet (irmão da Hannah). Apesar disso, dei por mim várias vezes a sofrer com as personagens ou a ficar feliz por elas, por isso acredito que estivesse mais embrenhada no livro do que realmente achava.

Concluo que foi um livro que gostei e que me prendeu bastante a partir do meio e, por isso, recomendo. É uma história ótima para nos dar a conhecer mais sobre o continente africano naquela altura, coisa que normalmente não temos oportunidade. Este é o primeiro livro da trilogia Langani e agora dou por mim bastante indecisa sobre se devo, ou não, continuar a ler. Alguém que já tenha lido e me possa recomendar? 😅

                 

Avaliação: 6,5/10