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Além do Ponto Final

Além do Ponto Final

Ter | 09.02.21

Mataram a Cotovia, de Harper Lee

Mais um clássico que posso riscar da lista dos que quero ler pelo menos uma vez na vida! Este já andava cá por casa há imenso tempo. Finalmente peguei nele e estou feliz por o ter feito. Não vou dizer que adorei, mas acredito que isso tenha mais a ver com uma gestão de expectativas do que propriamente com o livro em si. Apesar de tudo, no geral, foi uma boa leitura!

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Mataram a Cotovia conta-nos a história da família Finch, constituída por Atticus, o pai, Scout, a filha, e Jem, o seu irmão. Scout tem 6 anos e vai ser do seu ponto de vista que vamos ver todos os acontecimentos do livro. A família Finch vive em Maycomb, uma pequena cidade imaginária do Alabama onde tudo parece pacato, até Atticus aceitar defender um habitante negro da cidade, Tom Robinson, que é acusado de violar uma mulher branca. É à volta deste acontecimento que o livro se vai desenvolver e vamos vendo o que Scout e o irmão sofrem devido a esta decisão do pai, atendendo a que vivem numa comunidade altamente racista e com pessoas muito preconceituosas.

Além da trama que envolve este caso, são abordados outros temas, pela visão inocente de uma criança, que nos fala da sua educação, ou do seu vizinho misterioso ou das “fofoquices” do bairro.

Coragem é sabermos que estamos vencidos à partida, mas recomeçar na mesma e avançar incondicionalmente até ao fim. Raramente se ganha, mas às vezes conseguimos

O único ponto menos positivo que tenho a apontar sobre esta leitura foi o facto de ter demorado muito tempo a entrar na história, diria que apenas a meio do livro. Isso acabou por fazer com que não conseguisse desfrutar do resto da leitura, que achei muito melhor, porque me sentia “cansada” da leitura que tinha feito até ali.

Tirando esse pormenor, acho que é um livro muito bom e percebo o porquê de ser um livro de leitura obrigatória nos EUA. Mataram a Cotovia é uma história sobre racismo, sobre preconceito, sobre classes, sobre justiça, sobre tanta coisa. E o facto de vermos tudo pelo olhar inocente de uma criança, que tenta decifrar tudo o que vê à sua volta e perceber injustiças que não são possíveis de perceber, torna este livro mágico. Outro ponto que gostei muito, foi ver como Atticus tenta educar os seus filhos de forma a que eles reflitam sobre o que acontece à sua volta, em vez de caírem na ignorância ou em preconceitos.

Jem, como é possível odiar tanto o Hitler e, assim que se voltam as costas, ser-se tão mau para as pessoas da nossa terra...

(...) o pressuposto malévolo... De que todos os negros mentem, todos os negros são seres imorais e todos os homens negros são perigosos para as nossas mulheres (...)
E esse pressuposto, senhores, sabemos não passar de uma mentira tão negra como a cor da pele do Tom Robinson, uma mentira que não preciso de vos demonstrar. Os senhores sabem a verdade e a verdade é só esta: alguns negros mentem, alguns negros são imorais e alguns homens negros são perigosos para as mulheres... Brancas ou negras. Mas esta verdade aplica-se à raça humana e não a uma raça específica

O livro tem, ainda, muitas metáforas (admito que não as apanhei todas), sendo o próprio título a maior delas. Eventualmente na história, dizem a Scout que pode matar os corvos que quiser, mas que nunca deve matar uma cotovia, porque elas são inocentes. O título Mataram a Cotovia vai referir-se, assim, à morte da justiça ou da inocência, que vemos ao longo de toda a história através do racismo existente, ou do próprio crescimento de Jem e Scout. Não me apercebi disto a ler, mas, quando pesquisei sobre o livro e encontrei esta informação, tudo fez tanto sentido!

Para concluir, Mataram a Cotovia foi uma boa leitura, daquelas que se gosta mais quando se acaba e se pensa na história do que durante a própria leitura, pelo menos para mim. Aconselho muito porque acho que é daqueles livros que toda a gente devia ler, pelo menos, uma vez na vida! 😊

              

Avaliação: 7,5/10

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