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Além do Ponto Final

Além do Ponto Final

Qui | 08.04.21

No Limiar da Eternidade, de Ken Follett

E eis que, ao fim de quase 3 000 páginas, chego ao fim da trilogia O Século, de Ken Follett. Posso dizer que foi uma trilogia que me enriqueceu imenso e que, ao fim de todas estas páginas, sou capaz de ter aprendido mais do que ao longo dos 3 anos de História que tive na escola. No Limiar da Eternidade é o último volume desta trilogia e posso dizer que não havia melhor maneira de a ter terminado do que com este livro, que nos traz uma visão completa sobre os últimos anos do século XX.

Disclaimer: para quem ainda não leu os artigos sobre A Queda dos Gigantes e O Inverno do Mundo aconselho a lerem antes deste.

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A narrativa começa com a construção do Muro de Berlim, em 1961, e termina exatamente com a queda do muro, em 1989, e voltamos a encontrar as nossas já conhecidas cinco famílias. Rebecca Hoffman vive com a família na Alemanha de Leste e é quando descobre que anda a ser perseguida pela polícia secreta que a sua vida dá uma reviravolta. Walli, o seu irmão, está farto da vida opressiva no lado leste do muro e procura uma forma de o transpor e partir para Londres, onde quer ser músico. Viajando para os Estados Unidos, conhecemos George Jakes, um jovem afroamericano que trabalha com o presidente Kennedy e que participa ativamente na luta pelos Direitos Civis. Uma das suas grandes amigas, Verena, trabalha diretamente com Martin Luther King. Na Rússia, conhecemos os gémeos Tania e Dimka Dvornik com opiniões muito dissonantes, mas cada um com o seu papel na política nacional: Tania é ativista e ajuda a publicar um jornal clandestino de crítica ao governo; Dimka é uma figura em ascensão no seio do Partido Comunista, no Kremlin.

The greater their ignorance, the stronger their opinions.

Feitas as apresentações, somos levados a uma viagem incrível pelos principais acontecimentos históricos desta última parte do século: desde a construção do muro, à crise dos mísseis em Cuba, à luta da população afroamericana por direitos iguais, à vida dos irmãos Kennedy, aos incríveis discursos de Martin Luther King e ao declínio do comunismo soviético. Passamos ainda por campos de trabalhos forçados na Sibéria, ou pela Guerra do Vietname. Além de todos estes acontecimentos históricos, Follett dá-nos a conhecer a cultura pop que surgiu nestes anos, ou o desenvolvimento da ideia da libertação sexual e da igualdade de género que houve na segunda metade do século XX. Conhecemos, ainda, personagens com um amor incondicional pela música, com cenas que são capazes de nos fazer vir as lágrimas aos olhos, ou famílias separadas pelo Muro de Berlim e vivemos completamente o seu sofrimento.

A man hates the person he has wronged, paradoxically. I think it’s because the victim is a perpetual reminder that he behaved shamefully.

A white American can orbit the earth, but a black American can’t enter a restroom.

Com isto, quero dizer, essencialmente, que aconselho a 100% a leitura desta trilogia. Ken Follett tem uma capacidade espantosa e engenhosa de ligar a História mundial à vida das personagens que cria e fez-me aprender mais sobre estes períodos de uma forma fluída e nada forçada. É, sem dúvida alguma, uma obra incrível e dá-nos uma visão completa de todos os acontecimentos, já que muitas vezes nos são dados a conhecer os dois lados da barricada. Agora não me restam dúvidas de que vou voltar a ler este autor, só falta decidir qual o livro e quando. Recomendações?

                   

Avaliação: 8/10

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