Such a Fun Age, de Kiley Reid
Já andava de olho neste livro há uns tempos, embora nem me lembre bem onde o vi pela primeira vez. Sei que acabou por ganhar o prémio de Best Debut Novel no Goodreads Choice Awards de 2020 e isso acabou por me impulsionar a fazer dele a minha primeira leitura de 2021. Acho que é uma leitura interessante e rápida, mas não gostei do livro ao ponto de sentir que fosse merecedor do prémio.
A história de Such a Fun Age começa numa noite, quando Alix, uma blogger de sucesso, liga a Emira, a babysitter afro-americana da sua filha Briar. Alix precisa que Emira vá dar uma volta com Briar, porque houve uma emergência em casa e vão ter de chamar a polícia. É por essa razão que as duas se dirigem a um supermercado local, onde Emira acaba por ser alvo de um episódio racista e ser acusada de roubar a criança aos pais.
É este acontecimento que vai guiar o resto da história e vamos vendo a forma exagerada como Alix se tenta redimir deste acontecimento, tentando integrar Emira na família, mesmo que esta não se mostre muito interessada. Há ainda um vídeo do que aconteceu no supermercado, que Emira não quer divulgar, ao contrário do que as pessoas à sua volta acham que é aconselhável.
I don't need you to be mad that it happened. I need you to be mad that it just like... happens.
“Sabem quando leem um livro que fez tudo certo e mesmo assim não o adoram?” Vi esta frase nalgum lado e acho que resume muito bem o que senti com Such a Fun Age. Este é um livro com temas importantes - como racismo, desigualdade e ego – abordados da forma certa. Tem personagens muito bem construídas e uma escrita muito apelativa e que se lê muito bem. Mesmo assim, sinto que faltou qualquer coisa e que talvez o enredo não me tenha agradado tanto como queria.
De qualquer das maneiras, acho que é um livro que cumpre muito bem o seu papel de alertar para uma dimensão do racismo que não é tão referida, que é o facto de as pessoas não pertencentes às minorias fazerem um esforço exagerado e desinformado para combater o racismo. Alix tem o “complexo do branco salvador” e todas as suas ações servem para mostrar que não é racista ou que sabe o que é melhor para Emira melhor que ela própria. Acontece que quer ajudar tanto, que acaba por atrapalhar e pôr a sua babysitter em situações desnecessárias. Fez-me perceber que nós, enquanto pessoas não pertencentes às minorias, não podemos definir o que é o racismo ou como combatê-lo da forma correta. Cabe-nos sim, reconhecer que ele existe e ouvir quem o sofre, de forma a percebermos o que podemos fazer para contrariar o que, infelizmente, continua a acontecer.
Emira realized that Briar probably didn't know how to say good-bye because she never had to do it before. But whether she said good-bye or not, Briar was about to become a person who existed without Emira. She'd go to sleepovers with girls she met at school, and she'd have certain words that she'd always forget how to spell. (...) Briar would say good-bye in yearbook signatures and through heartbroken tears and through emails and over the phone. But she'd never say good-bye to Emira, which made it seem that Emira would never be completely free from her. For the rest of her life and for zero dollars an hour, Emira would always be Briar's sitter.
Acho que foi uma leitura importante e que me abriu os olhos para uma nova dimensão do racismo, e, nesse aspeto, acho que é um livro incrível. No entanto, o enredo em si não me convenceu e isso fez com que não tivesse gostado tanto como queria. De qualquer das maneiras, é uma leitura que aconselho, porque acho mesmo que aborda temas importantes da forma correta.
Avaliação: 7,5/10