The Midnight Library, de Matt Haig
Gosto de acreditar que os livros nos escolhem de alguma forma. Há momentos da vida para ler cada livro e acho que é mesmo importante que percebamos que não gostarmos de um livro num determinado momento não quer, necessariamente, dizer que não vamos gostar dele no futuro. Mas não é desses casos que vou falar aqui hoje, porque tenho a certeza de que o Universo arranjou maneira de me trazer The Midnight Library na altura certa. Na minha saga de ler os livros vencedores do Goodreads Choice Awards 2020, estava muito indecisa entre este e Anxious People, do Fredik Backman e, apesar de ainda querer ler este segundo, este chamou-me de alguma forma estou muito feliz por isso.
Nora Seed é uma jovem com depressão que decide que não tem mais motivos para continuar a viver e, por isso, decide suicidar-se. Acontece que, em vez de morrer, vai parar à Midnight Library, uma biblioteca infinita, onde o tempo não passa e cada livro representa uma vida alternativa que Nora podia ter tido se tivesse tomado uma decisão diferente num determinado momento da sua vida. Nesta biblioteca, liderada por Mrs. Elm, bibliotecária e amiga de Nora quando era mais nova, a nossa personagem vai visitar várias vidas, com o intuito de tentar desfazer os arrependimentos que tem e encontrar o universo paralelo que a faz mais feliz.
A person was like a city. You couldn’t let a few less desirable parts put you off the whole. There may be bits you don’t like, a few dodgy side streets and suburbs, but the good stuff makes it worthwhile.
Este é um livro extraordinariamente bem conseguido. A premissa é incrível e acho que aborda temas importantes, como a depressão e o suicídio, da forma correta. Felizmente, nunca estive em nenhuma dessas situações, mas acredito que a forma como Nora se sente – que não é útil para ninguém, que só desilude as pessoas que lhe são próximas, que tudo o que faz está mal, … - deve corresponder à forma como muitas pessoas que passam por isso se sentem.
Digo que este livro me escolheu porque acho que chegou na fase certa da minha vida. E digo isto porque tenho pensado muito sobre determinadas situações por que passei recentemente e se podia ter tomado decisões melhores que as evitassem. Este livro mostrou-me que nem sempre os arrependimentos que temos são algo mais do que produto da nossa mente, ou que as vidas que achávamos que iam ser perfeitas para nós nem sempre o são. Todos temos um pouco de Nora em nós, todos criamos fantasias na nossa mente e pensamos que devíamos ter seguido um determinado caminho na vida que nos tinha feito muito felizes, ou que aquela pessoa era perfeita para nós. E é importante que percebamos que não temos forma de saber se iríamos ser mais felizes com determinada decisão ou pessoa e que, por isso, mais vale aproveitarmos as decisões que tomámos e as pessoas que escolhemos ter na nossa vida.
Sometimes regrets aren’t based on fact at all. Sometimes regrets are just . . .’ She searched for the appropriate term and found it. ‘A load of bullshit.’
It was interesting, she mused to herself, how life sometimes simply gave you a whole new perspective by waiting around long enough for you to see it.
Não diria que este vai ser um livro marcante para toda a gente, como foi para mim. Percebo algumas críticas que recebe e também concordo que é um pouco previsível no final. Mas foi um livro que me impressionou pela positiva e que significou muito para mim, pela altura em que o li. Por isso, para todas as pessoas por aí que estão a precisar de ouvir isto: a vossa decisão foi a melhor decisão que podiam tomar no momento. E leiam este livro, se sentirem que vos vai ajudar 😊
Avaliação: 8,5/10