They Both Die At The End, de Adam Silvera
Comprei este livro para a minha irmã adolescente porque ela me pediu e também porque já tinha visto algumas pessoas a falarem sobre ele. Ela leu-o numa tarde, chorou imenso e disse-me: “Filipa, tens mesmo que ler, mas prepara-te emocionalmente antes”. Ouvi-a e, por isso, acabei por adiar um pouco a leitura, mas no outro dia senti que estava, finalmente, pronta para o ler e ainda bem que o fiz. Tinha as expectativas baixas, por ser um young adult, um estilo com o qual já não me identifico muito, mas é, de facto, um livro incrível.
Estamos numa sociedade distópica onde existe uma empresa, a Death Cast, capaz de prever o dia da nossa morte. Assim, todos os dias a partir da meia noite, podemos receber uma chamada que nos diz que, algures durante as próximas 24 horas, vamos morrer. É isto que acontece aos dois protagonistas da história, Mateo e Rufus, dois jovens com vidas e personalidades completamente diferentes. Estes dois rapazes acabam por se conhecer através da aplicação Last Friend, criada para que as pessoas que sabem que estão no seu último dia de vida possam encontrar um amigo aleatório que os acompanhe nesse dia, seja ele um Decker - nome dado às pessoas que vão morrer naquele dia -, ou não.
Because I refused to live invincibly on all the days I didn't get an alert, I wasted all those yesterdays and am completely out of tomorrows
A premissa deste livro é incrível e é impossível não nos deixar a pensar. Dei por mim muitas vezes a refletir sobre o que faria se soubesse que estava a viver o meu último dia na terra, ou se gostaria de saber que o estava a viver. É muito interessante vermos a forma como duas pessoas totalmente diferentes lidam com esta situação. Enquanto Mateo viveu toda a sua vida com medo da morte e tem muita dificuldade até para sair de casa, Rufus é um rapaz revoltado com a vida e, assim que descobre que está prestes a perdê-la, começa a aproveitar o dia ao máximo. Acaba por ser muito bonito ver a relação que Mateo e Rufus desenvolvem e a forma como este último incentiva o primeiro a despedir-se da vida de uma forma mais “livre”.
A forma como o livro está escrito acaba por acrescentar muito à história porque cada capítulo diz quem é a pessoa que o está a contar e as horas do dia em que estamos. Não são só Rufus e Mateo a contar a história, também conhecemos algumas pessoas importantes nas suas vidas e outras personagens que, de uma forma ou outra, se vão cruzar com a história destes dois jovens. Além disso, o título não deixa margens para dúvidas quanto ao final da história, mas não é por isso que deixamos de nos sentir ansiosos na leitura, sempre a pensar quando, como e a quem vai acontecer primeiro. É um livro intenso, que nos deixa ansiosos, curiosos, tristes e emocionados.
I may not be able to cure cancer or end world hunger, but small kindness go a long way
I was raised to be honest, but the truth can be complicated. Id doesn't matter if the truth won't make a mess, sometimes the words don't come out until you're alone. Even that's not guaranteed. Sometimes the truth is a secret you're keeping from yourself because living a lie is easier
Caso não tenha dado para perceber, gostei mesmo muito deste livro. Deixou-me a pensar no significado de tudo e de como vivemos a nossa vida. E tem uma história de amizade e amor bonitas, sem recorrer aos clichés das histórias de amor homossexuais que às vezes se encontram por aí. Aconselho só que se preparem emocionalmente porque, apesar de sabermos o final, isso não faz com que custe menos lê-lo 😂
Este foi uma das boas surpresas de 2020!
Avaliação: 8,5/10